Todo dia 7.09, todo ano, uma rotina.
Poderia ser assim, poderia resumir assim.
Mas não o é há um bom tempo.
A Diocese de Nova Iguaçu, da qual faço parte, todo ano faz uma Romaria até a Cidade de Aparecida do Norte, em São Paulo, para visitarmos a Basílica Nacional, situada na localidade em honra da Padroeira do Brasil. São quase 13 anos (não consecutivos) que vou para lá nesta data, mas posso dizer que nos últimos 4 anos tem sido uma viagem diferente.
Tudo começou quando, já cansado do mesmo roteiro (cochilar no ônibus, acordar as 6, ir pra missa, andar no shopping e voltar para casa), ouvi falar de um tal do "Caminho do Milagre", que todo aquele que trilha com fé, alcançaria uma graça. Aquela história me deixou curioso, e como era parte do meu sonho conhecer a Basílica Antiga, uni a fome com a vontade de comer.e pela primeira vez disse a minha mãe e ao meu irmão que iria - a limitação física de minha querida mãe não a permitia trilhar um caminho tão longo- procurar o que era aquilo que falei. Nunca tinha ido, nunca tinha visto. E então parti, sozinho, no alto dos meus 17 anos com minha mochila verde que recebi da JMJ Rio 2013. Dentro dela, havia apenas uma garrafa de água.
Sempre tive esse espírito mochileiro, a vontade de ir atrás das coisas e conhecer por conta própria, sem depender de alguém, ainda que eu não faça ideia de como chegar. Eu tenho paixão de descobrir e aprender coisas por conta própria, e por mais que minha mãe tenha conseguido me guardar debaixo de sua proteção por muito tempo, algo dentro de mim estava me impulsionando a descobrir esse caminho. Na época, estava com meu modesto celular, um Nokia Lumia 730, e eu era bem fã da câmera daquele modesto celular. Outra coisa que eu sempre gostei, foi de fotografia. Não de mim, mas de outras pessoas, de ambientes e momentos, com naturalidade. E O meu desejo naquele momento era descobrir o que era aquele caminho, para contar aos outros.
Parti, então. Eu tinha a certeza de que encontraria sozinho o que eu estava buscando. Já comecei errando a entrada, tive de dar meia volta e finalmente pegar o sentido correto da passarela. À direita. Passei pela galeria, fiz um clique com meu celular, que todo ano refaço, e posto em alguma rede social, a foto desse ano é essa aqui:
Tive o primeiro choque ao atravessar essa passarela. Pessoas, que a trilhavam de joelhos. Seja subindo ou descendo, algumas com os joelhos sangrando. Umas com terços, outras com bíblias. Algo que a gente pode ver na TV, mas é muito diferente presenciar pessoalmente. Elas pagavam promessas em honra de um milagre alcançado. Para muitos, a mensagem ali seria: O Preço do milagre é a dor. Mas em todas elas, em todos os anos que ali passei, algo era comum em todas. Homens e Mulheres, Jovens ou Velhos, em nenhum deles havia sofrimento no olhar. Aquilo era assustador. Como alguém se submetia a um ato tão doloroso, tão humilhante e o olhar continha esperança como em nenhum outro? Meus olhos presenciavam algo que não me era inteligível, mas que meu coração ansiava. Eu tinha certeza, naquele momento: estava no caminho do milagre. Não era aquele que as pessoas diziam, era um outro. Um rumo que só poderia ser trilhado pelo coração.
Após refletir um pouco sobre a cena que tanto seria valiosa para a minha vida, eu já não temia mais o desconhecido, aquilo que viria pela frente com certeza seria bom. Eu ainda não havia encontrado o caminho para meus pés, mas havia acabado de achar meu coração. Aquela manifestação de fé, tão ao extremo, tão bela, transformou-me radicalmente. Desde então os dias 7.09 não seriam mais os mesmos. Não acreditava como todos aqueles anos eu estive tão perto de algo que ansiava conhecer, e sempre dava as costas. Eu tinha a certeza de uma coisa ali, eu queria encontrar a minha fé.
Obrigado por ler até aqui, e na próxima quarta, vamos continuar a jornada sobre Aparecida.
Até
:)
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